Blog do Ari: Quem perde dérbi cai?

Duelo entre rivais no Brinco de Ouro deixa técnicos à perigo em caso de derrota

Na prática, há tempos o dérbi campineiro perdeu aquele elã, romantismo, coisa de cabeça inchada por uns três dias em caso de derrota.

Guarani e Ponte se enfrentam no Brinco (Foto: Álvaro Jr./Ponte Press)
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Dérbi 2022. Canso de dizer que não sou corporativista. Logo, não fico abraçando qualquer causa relacionada à mídia. Entretanto, há de se reconhecer que o dérbi ainda é colocado em escala até exagerada graças aos homens de comunicação de Campinas, que o valorizam sobremaneira.

Entidades como Federação Paulista de Futebol e CBF, que o programavam para as tardes de domingo, agora escolhem até uma segunda-feira à noite ou o desproporcional horário das 20h30 de sábado.


Na prática, há tempos o dérbi campineiro perdeu aquele elã, romantismo, coisa de cabeça inchada por uns três dias em caso de derrota.

Duvida?


Hoje constata-se até explícita admissão de derrota de torcedor.


Parceiro João da Teixeira, assíduo frequentador da seção de comentários do blog, interpreta desabafo que eventualmente seja de vários de seus pares: “

“A Ponte não tem futebol nem para enfrentar o Lemense, quanto mais o Bugre. Time covarde, sem esquema nenhum, vai ser presa fácil”.

Barba, também pontepretano, não poupa quaisquer dos rivais: “Nenhum dos dois times merece vencer”.

Quando, décadas passadas, haveria posicionamento deste tipo?

Expectativa de jogo amarrado


TREINADOR

Dizem que o treinador que perder o dérbi vai cair. Será?

Probabilidade maior recairia sobre Gilson Kleina, da Ponte Preta, cuja cobrança tem sido intensificada.


Todavia, ano passado, ele perdeu o dérbi do Campeonato Brasileiro da Série B no Estádio Brinco de Ouro, por 1 a 0, gol de Régis, e ficou tudo por isso mesmo.

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Sim, era uma situação diferente, mas outros tempos raramente um treinador conseguia ‘sobrevivência’ em caso de derrota.

ROTATIVIDADE

Outrora o atleta tinha vida longa nos clubes campineiros, o que implicava em real conhecimento sobre as consequências de resultados nos dérbis.

Hoje, como a maioria está de passagem pela cidade, devido à natural rotatividade de atletas em clubes, já não se assimila a cobrança vinda da arquibancada.

Logo, a dor da derrota do torcedor não se aplica com a mesma intensidade ao jogador.

RIVALIDADE

Os tempos são outros em todo sentido da vida.

Outrora, quando a Campinas não era metrópole, o torcedor era mais enraizado ao seu clube predileto, frequentava estádios com mais assiduidade e o profissionalismo em elencos não havia se desgarrado por completo do amadorismo.

Bons tempos em que o itinerário do ônibus que conduzia a delegação da Ponte Preta do Estádio Moisés Lucarelli ao Brinco de Ouro obedecia descida pela Avenida Ayrton Senna, com acompanhamento dos torcedores.

Evidente que a boleirada já estava uniformizada e com pré-aquecimento, visto que já se esperava vestiário do visitante com forte cheiro de creolina. Assim, o jeito era se acomodar do lado de fora.

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Pior ainda era a ‘receptividade’ dos pontepretanos na chegada do ônibus do Guarani ao Moisés Lucarelli, época em que o vestiário visitante ficava do lado esquerdo dos portões principais do estádio.

Clima de hostilidade de torcedores provocou atraso em início de um dérbi, quando rojão atirado ao gramado teve como alvo certeiro o então lateral-esquerdo Miranda, do Guarani.


BETO ZINI

Dérbi de 1984, que registrou quebra de tabu da Ponte Preta de cinco anos, com vitória bugrina por 3 a 1, no Estádio Brinco de Ouro, foi marcado por tumulto dentro e fora de campo.

Logo no início, saudoso centroavante bugrino Gerson e o zagueiro pontepretano Osmar Guarnelli foram expulsos, ocasião em que o também saudoso treinador Carlos Alberto Silva, do Guarani, invadiu o gramado e foi igualmente expulso.

Assim, coube ao então diretor de futebol do Guarani, Beto Zini, comandar a equipe, em época que se admitia dirigente no banco de reservas.

Naquele tumulto, a equipe de seguranças da Ponte Preta – Golê, Chita e Brandão – invadiu o gramado, porém, contida pelo policiamento.


PLACAR ELETRÔNICO

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Enquanto a bola rolava, com dois gols do meia Neto – um deles frangaço do, então novato, goleiro Sérgio Guedes – e outro do ponteiro-direito Chiquinho Carioca, na quebra do tabu, parte de torcedores pontepretanos provocou depredação no placar eletrônico, enquanto outros ensaiaram invasão às dependências sociais do estádio.

Ainda quanto a Beto Zini, nos tempos de presidente do Guarani, tinha por hábito até triplicar o valor do bicho em vitórias nos dérbis.

Para simbolizar aumento no valor do prêmio, geralmente ele chutava uma bolsa colocada por um atleta.

E quando o então ponteiro-esquerdo Edu Lima se apressou ao colocar sua bolsa para o chute, se esqueceu que no interior havia um rádio. Aí, no chute com raiva, o dirigente trincou o pé.


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